Essa comunidade, no Recanto das Emas, região a 20 minutos do centro de Brasília, é um refúgio. Um espaço de acolhimento para cerca de 150 pessoas que sentiram na pele o preconceito por viverem com o vírus HIV. Essa é também a história da Izabel.
“A minha família tem muito preconceito, entendeu? Aí conheceram aqui, me trouxeram aqui e acabou. Há 18 anos. Foi o melhor lugar que já morei em toda minha vida, que igual aqui não tem. Para mim aqui é tudo. Aqui eu conheci paz, sossego, respeito, que hoje em dia tá difícil, entendeu? Aqui eu conquistei tudo”, conta Izabel Cristina Guimarães.
Quando se mudou, além do abandono, Izabel também enfrentou dificuldades no tratamento. Realidade que mudou bastante: se antes precisava de 18 comprimidos, hoje toma 1, e a doença está indetectável.
“Se você cuidar direitinho, fazer todos os exames, os tratamentos, tomar medicação, não tem problema. Agora, se não cuidar, continuar com a mesma vidinha, vai morrer. Eu fumava, eu bebia, usava droga. Eu fazia coisa que não devia. Eu parei. Pronto, tô aí, 72 anos”, comemora Izabel.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2023, o Brasil teve um aumento de 4,5% no número de casos de HIV, em comparação a 2022. O que, segundo a pasta, está ligado ao crescimento nos diagnósticos, que chegaram a 96% das pessoas com a doença. Já a mortalidade caiu para 3,9 óbitos por 100 mil habitantes, a menor em dez anos.
“Se a mortalidade está caindo, isso tem a ver com duas melhorias que a gente conseguiu fazer: mais diagnósticos, iniciar o tratamento e acolher melhor. O Ministério tem investido muito nisso. A gente tem feito muitos treinamentos, incorporando novas tecnologias para que as pessoas que já chegam doentes consigam ser melhor tratadas”, constata Artur Kalichman, diretor do Departamento de HIV/Aids do Ministério da Saúde.
Com as melhoras no diagnóstico e tratamento dos pacientes, o Brasil deu mais um o no compromisso feito com as Nações Unidas para eliminar HIV e Aids como problema de saúde pública até 2030.
“Morrer de Aids é uma falha da saúde pública, né? Hoje a gente tem condição de prevenir a infecção pelo HIV. Uma vez que a pessoa tem HIV, se a gente faz o diagnóstico em tempo oportuno, começa o tratamento, essa pessoa nunca vai desenvolver Aids. Morrer de Aids hoje é uma falha, ou seja, é uma morte completamente evitável”, afirma o diretor.
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