Uma pesquisa divulgada hoje (3) mostra a difícil realidade enfrentada pelos trabalhadores de aplicativos no Brasil. Além de trabalharem muito e ganharem pouco, esses profissionais não têm direitos trabalhistas garantidos, o que os deixa sem proteção básica. A pesquisa, realizada pela Ação da Cidadania, fundada por Betinho, revela que quatro em cada dez entregadores já sofreram acidentes durante as entregas.
A frase do sociólogo Betinho, "quem tem fome tem pressa", se encaixa bem nesta pesquisa sobre os entregadores de comida e outros itens. Esses trabalhadores estão sempre apressados no trânsito, expostos a riscos de violência e acidentes. No entanto, 70% deles sequer conseguem ganhar um salário mínimo mensal.
A pesquisa também mostra que 30% desses profissionais enfrentam algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, três em cada dez têm dificuldades para se alimentar adequadamente, o que é superior à média nacional. Em outras palavras, eles entregam comida, mas muitos deles am fome.
Além disso, a pesquisa projeta dificuldades futuras para esses trabalhadores, pois 70% não conseguem contribuir para a Previdência. Mais cedo, conversamos com Kiko Afonso, diretor executivo da Ação da Cidadania, que destacou a necessidade de regulamentação para essa categoria de trabalhadores. Ele refutou a ideia de que eles são empreendedores, afirmando que, na verdade, enfrentam uma "falsa sensação de liberdade".
Kiko Afonso explicou que esses trabalhadores estão, na verdade, "escravizados" por um sistema que os obriga a trabalhar excessivamente para conseguir o mínimo de dignidade, e que todo o risco recai sobre eles. Se sofrerem um acidente, a culpa é deles; se a moto quebrar, eles precisam resolver; se o celular quebrar, também é responsabilidade deles. Esse modelo de trabalho, segundo ele, não é sustentável e representa uma forma de "escravidão moderna".
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