O alvo segue sendo a pele preta. Do total de homicídios no Brasil, mais de 76% das vítimas são pessoas negras. Os números são do Atlas da Violência 2024.
“A gente não se sente à vontade para andar na própria cidade”, declara Mateus Santos, estudante de História.
Negro e morador de periferia, Mateus não sabe dizer quantas vezes foi abordado pela polícia. E o medo não é infundado: em 2022, quase oito em cada dez homicídios foram de pessoas negras.
Um total de 35.531 mortes. 10.209 pessoas brancas, indígenas e amarelas morreram, por homicídio, no mesmo período.
Salvador, Macapá e Manaus são as capitais que mais matam negros.
“A população negra é vista como perigosa, os meninos, sobretudo, são vistos como inimigos da nação. Cerca de 20 horas de programas sensacionalistas que vinculam esses meninos à ideia de perigo”, avalia Adriana Moreira, da Uneafro e professora de Educação da USP.
Os estereótipos raciais aumentam a exposição dos negros à violência e reforçam o imaginário, falso, de que são perigosos. O que torna a pessoa negra um alvo fácil, inclusive para a polícia.
“O aparato de segurança precisa ser reeducado. Sobretudo da letalidade policial, que é muito significativa, quando a gente pensa na perda de tantas pessoas negras”, defende Nelson Inocêncio, pesquisador da Universidade de Brasília.
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